segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Uma arvore.



Fui cercado por pessoas que me faziam abraçar uma árvore ao final de uma tarde de brincadeiras, lambuzei-me inúmeras vezes com os suculentos frutos vindos destas, cresci vendo graça nos ninhos de passarinhos que por desventura do destino caiam das copas das árvores, guardava comigo os mais preciosos tesouros que por imaginação, tornavam-me rei, a verdade é que não passavam de pedras levemente brilhantes e que nada valiam, conheci o remorso que me assolou certa vez quando bati em meu melhor amigo, que de braços abertos me acolheu e perdoou, com suas lambidas e seu nariz molhado.
Então não sei bem o que todos querem dizer com sustentabilidade, me parece que essa nova corrente para defesa do meio ambiente está mais defendendo algo externo, que não faz parte de nós, ou que não nos cerca.

"É curioso ver como a marca Amazônia tem um valor enorme fora do país", nessa pequena frase já identificamos duas coisas no mínimo chocantes, uma se remete a marca, ou seja, ao valor acrescido ao nome, não me lembro quando foi a última vez que uma razão ligada ao dinheiro trouxe uma benfeitoria a fauna e flora, alias a única ligação destas é a reprodução do papel e das ilustrações das espécies em extinção, o que chega a ser atormentador. Por conseguinte o valor,"-por que o povo brasileiro simplesmente se exime da responsabilidade de cuidar de algo que é uma das mais forte marcas do mundo?" Posso lhe responder com facilidade, somos educados a pensar que tudo o que é público é de domínio de ninguém, logo qualquer benefício pode ser aproveitado por qualquer um, e seus problemas, jogados aos que por altruísmo o concertam para que o ciclo de exploração se renove.

Já não me espanto quando escuto algum amigo me dizer que não anseia por filhos, vivendo essa vida de desrespeitos, como se a vida por si só não fosse difícil o bastante, angustiosa o suficiente para que cada relato não caiba em uma imensidão de folhas de papel, não cabemos mais em nós mesmos, nos conhecemos cada vez menos, e nos conhecem cada vez mais, acho que só quem me conhece é aquela árvore.